O seu belíssimo rosto redondo de Maria, onde o meu olhar se fixou, deixou-me maravilhado. Defronte a mim, de pé, ali estava a venerável e desaparecida escultura da Virgem com o Menino sob a invocação de Nossa Senhora da Goma que os Paradenses, em má hora, tinham deixado partir, não se sabia bem para onde, há pelo menos quatro décadas. Foram anos a fio a ouvir os lamentos de uma paróquia cujo arrependimento nunca lhes devolveu a Senhora da Goma que se albergava na atual Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, no lugar de Cabo de Além. Como muitos se lembrarão, a Senhora da Goma está associada a uma lenda sobre o nascimento dos “gomos” nas videiras depois de podadas. A escultura de Nossa Senhora apresenta-se de vestido, manto e véu, segurando na sua mão esquerda um Menino Jesus sentado. O Menino, de rosto oblongo enlaçado por cabelos curtos, está vestido de túnica vermelha comprida, segurando, tenuemente, o cordão do manto de Sua Mãe. Um encanto de Menino cuja subtil gestualidade sugere interpretações devocionais relacionadas com a Virgem do Leite. Por sua vez, Nossa Senhora da Goma traja vestido de decote redondo preso por um cinto de grande ponta pendente, sobreposto com um manto azul sobre as costas e um véu branco curto rematado por uma coroa de listel liso simples com flor-de-lis.
A historiografia diz-nos que a arte românica (séculos XI-XIII) trouxe o gosto pela imaginária e arrastou consigo múltiplas representações marianas em estatuária e pintura. Desde ...
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