Num lar, dezenas de idosos ficaram sozinhos depois de o vírus ter matado um hóspede, contagiado outros, e ter mandado o pessoal para a quarentena. Nos últimos meses, ao acompanhar no hospital uma nonagenária, vi de perto o que significa ser-se velho, só e doente. Numa sala de emergência no centro de uma grande cidade, poucos dias antes da epidemia, muitos, sozinhos, chegavam de noite, de ambulância. No corredor, uma fileira de macas. Alguns estavam ali há 24 horas, não tinham dormido nem sequer comido.
Se penso naqueles rostos brancos, de cabelos desgrenhados, nos chamamentos a que um único enfermeiro de turno não conseguia responder, posso vagamente imaginar como será com aqueles idosos completamente abandonados no lar.
Naquela mesma noite, uma doente pediu-me para lhe escrever num papel o seu nome e morada, porque temia esquecer-se. Outra chorava porque as necessidades lhe escapavam e ninguém a l ...
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