Com os pés bem assentes na terra, porque esta “só se conhece bem com os pés”, segundo uma bela metáfora que Miguel Torga usou para descrever o comportamento de alguns personagens do seu tempo, em tempo de férias, também ousamos reflectir as realidades do nosso tempo com o poeta, médico e escritor.
Pensamos no tempo gasto com horas e dias dedicados à programação de eventos, festas, programas pastorais, e outros mais, que entretêm e justificam tantos orçamentos e empreendimentos, elaborados com as melhores intenções de serviço público ou religioso.
Podemos hoje continuar a cair na tentação de uma prática de grandes eventos, grandes iniciativas, com muitos convidados, muita gente em festa e movimento, deixando a ideia de plenitude e felicidade com que sonhamos; mas talvez ao lado fique todo um outro mundo de “tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e dos que mais sofrem” (Gaudium et Spes,1) que passa à margem da agenda diária, dos alinhamentos das notícias, dos debates e preocupações, e que recusamos reconhecer.
Os nossos programas pastorais continuam a ser elaborados em “laboratórios de fé”, por “programadores especializados” que talvez nunca tenham posto “pés na terra”, nem suj ...
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