50 Anos Jornal de Vieira  1972 - 2022

Educação

“Social media” na prática

          

A sala está cheia. Cento e tal estudantes estão apinhados nas suas cadeiras incómodas. Estão reunidos futuros juristas de elite: serão certamente ilustres juízes, procuradores do estado, advogados, deputados, políticos, dirigentes da indústria e líderes da economia. Decorre a prova de Direito Constitucional. Nota-se uma comunicação vivíssima em torno da sala, parece que muitos copiam com firmeza e despreocupação uns pelos outros. Há quem tenha a cabeça baixa, manuseando diligentemente os telemóveis, lendo de forma discreta o que oferece o sistema operativo. Se o telemóvel não der a resposta adequada, servem os vizinhos quer da esquerda quer da direita. Enfim, uma atmosfera surreal, repleta de falsificações intelectuais.
A professora está sentada por detrás da sua secretária, reclama animadamente com uma voz ambiciosa, e que se ouve em todo o auditório, que não é permitido copiar, nomeadamente usar os equipamentos digitais. Puro contraste, e uma excelente encenação de quem, usando o seu próprio telemóvel, parece não ter sequer a intenção de fazer qualquer tipo de controlo aos alunos. Na sua maioria, os estudantes inclinam com hipocrisia a cabeça, alguns sorrindo até ironicamente. O ambiente faz lembrar um rebanho de ovelhas, onde cada um desamparadamente se apoia no outro. Um cenário cheio de rótulos pouco significativos, de excelências “in spe”.


Não há nenhuma criatividade intelectual, nem um autodomínio do foro da consciência, não há uma crítica madura, nem dignidade profissional, há sim um autêntico cabaret perante a pro ...

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