Protocolo de uma aventura juvenil realística ocasional dentro de um compartimento de comboio entre Braga e Porto, durante uma hora carregada de um evento digital: há um completo silêncio à nossa volta. Rodrigo, um rapaz fora de série, lê com devoção um ardente livro. Cinco outros, Stella, Irmi, Silvi, Gabriel e Eduardo, partilham a mesma carruagem, sentados em frente a nós, vão fazer uma visita de estudo ao famoso Zoo de Santo Inácio em Gaia. Nenhuma conversa entre eles, nenhuma palavra entre os seis, nem um olhar entre si. Os cinco, crianças da série moderna, estão concentrados de forma imaginativa nos seus ilustres i-phones e tablets, todos do último grito técnico e colorido da moda. Para nós, da geração do século 20, a situação parece um pouco estranha, uma combinação entre impulsos surrealistas de um demorado cortejo fúnebre e uma curiosa e enfadonha atmosfera dum filme silencioso do século 19. Uma aura esquisita, perturbada e inacreditável, mas autêntica no ano 2018: jovens, de facto ainda crianças, sentadas juntas num compartimento de comboio, sem dizer uma única palavra, durante quilómetros de viagem, de apeadeiro em apeadeiro! Um verdadeiro trauma para nós dois, para a minha companheira e para mim.
Será uma farsa moderna singular? Para nós uma desconhecida atmosfera interpessoal única? Falta-nos a integração social, a aceitação da técnica inevitável? Nós temos também telemó ...
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