Mais ou menos todos os anos, de Junho a Setembro, a notícia está feita: “incêndio de grandes dimensões lavra e consome....”. A única coisa que muda é a localização.
Somos a vergonha da Europa. Nos outros países, também há incêndios. Mas não com a dramaticidade dos nossos. Por algum motivo, este ano, quase metade da área ardida aconteceu num Portugal que representa menos de 1% da superfície da Europa! E com um contínuo crescendo de vítimas, quase sempre mortais: nada pode justificar esse número «obsceno» de quase setenta, desde o acidente de Pedrógão até aos que os combatiam.
É por isto que os incêndios são um problema moral. Não somente na óptica dos incendiários, que esses, como diz o povo, são uns «desalmados». Se se tratar de cristãos, não deveriam ser readmitidos à vida eclesial sem uma longa penitência pública, tal como acontecia na Igreja primitiva.
São um problema moral pela tal vergonha de que falei: é o nosso bom nome que está em causa. São-no por causa do imenso esforço que se pede a quem os combatem. São-nos a nível das vítimas: quem assume a responsabilidade destas mortes, o sofrimento dos queimados, os custos dos tratamentos, a dor dos familiares? A moral cristã fala em «estruturas de pecado»: não somos nós, individualmente, quem causa este mal, mas ele acontece. E não há pecado sem pecador.
Mas são ainda um problema moral por causa dos efeitos. Para o todo nacional, os prejuízos dos incêndios serão irrisórios a nível do PIB. Mas não assim para as populações do interio ...
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