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Opinião

Temos o dever de desconfiar

          
Temos o dever de desconfiar

Nunca falei na vida com Joana Marques Vidal. Nunca tinha ouvido falar de Lucília Gago até à sua nomeação. Nada tenho de pessoal a favor de uma ou a desfavor de outra. Mas, como cidadão, tenho tudo para estar desconfiado. Para desconfiar das razões de Marcelo Rebelo de Sou­sa. Para desconfiar ainda mais das razões de António Costa. Só um cego não vê que há um Ministério Público antes de Joana Marques Vidal e outro depois de Joana Marques Vidal, onde antes se arquivava, agora dava-se mais tempo para investigar. Onde antes se recuava quando se chegava à porta dos poderosos e agora arrombava-se essa porta. Antes parecia haver medo, agora havia sinais de determinação. Todos os portugueses viram, ouviram e leram. Por isso temos o direito de desconfiar. Mais, temos o dever de desconfiar. O Ministério Público in­co­modou o PS, quando não teve medo de Sócrates e sabemos que muitos no PS e no Governo não lhe perdoam. Essa vontade de fazer justiça. Mas o Ministério Público também entrou no círculo íntimo de Marcelo Rebelo de Sousa quando não ficou à porta do to­do-poderoso Ricardo Salgado. O Ministério Público não cedeu à pressão dos políticos quando não deixou cair investigações que envolviam políticos angolanos, o “irritante que Costa e Marcelo tudo fizeram para apagar”. Por fim o Ministério Público assusta todos os políticos, quando entra portas adentro do maior clube português, pois essa é a tempestade que ninguém deseja em ano de eleitoral.


Não nos venham pois com tretas, não inventem argumentos de ocasião. Joana Marques Vidal não foi reconduzida em nome de um princípio de não renovação de mandatos que não está na Con ...

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